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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Especial 007 - Sean Connery e a construção do mito

Esta matéria foi publicada no dia 22/10/2012 em mundo POP-Cinema.

Eu gostei de todos os filmes que assisti do Bond, James Bond, uns 10 eu acho. E Sean Connery é na minha opinião o melhor James Bond, seguido por Daniel Craig, o atual Agente 007.

Sean Connery é de longe a melhor filmografia dentre os demais, com trabalhos como "Os Intocáveis", que lhe rendeu um oscar, "O Nome da Rosa" , "Caçada ao Outubro Vermelho" entre muitas outras obras maravilhosas.

Veja a interessante matéria de Luiz Gustavo Vilela:



"Um sucesso literário não passa incólume pelo cinema. Daí a necessidade de se fazer um filme de James Bond, considerando o quanto os livros escritos por Ian Flemming centrados no personagem estavam vendendo na época, já em 1962. Chamaram Sean Connery, galã relativamente desconhecido, com apenas 32 anos e pinta de um Cary Grant britânico. Connery chegou a recusar o papel de Tarzan, para assumir Bond. Isso, claro, não evitou que víssemos o ator de tanga, porque ele fez “Zardoz”, anos depois. A fórmula deu tão certo que ele reprisou o personagem outras seis vezes.

Já na estreia, em “007 Contra o Satânico Dr. No”, já está presente a maior parte dos elementos que tornaram o personagem icônico: a arma, Walter PK; os ternos bem cortados, com a obrigatória cena com gravata borboleta; a cena de abertura, com o tiro em direção à câmera; os créditos iniciais, meio lisérgicos; o martini com vodca, batido, não mexido; o flerte com a secretária, Srta. Moneypenny (interpretada por Lois Maxwell em todos os filmes estrelados por Connery e Roger Moore); o relacionamento que varia entre o respeito e o escárnio com o chefe, M; as viagens pelo mundo; o vilão caricato; e, como não poderia deixar de ser, as Bond Girls.






O Bond de Connery é um beberrão, fumante, bon vivant, charmoso e mulherengo. O que, é claro, define praticamente qualquer Bond, se essa descrição não fosse bem próxima da do próprio Connery na época. O Bond dos livros de Fleming não fugia muito disso, mas era mais durão e de moral ambígua, mais próximo do trabalho atual de Daniel Craig. A interpretação de Connery acabou definindo como marca do personagem um certo coração mole que, até pouco tempo atrás, parecia não poder ser desligado do personagem.

Já é em “Dr. No”, que se passa na Jamaica, onde os livros de Bond foram escritos, inclusive, que vemos a já clássica cena de Ursula Andress saindo do mar em direção à areia de biquini. A cena é tão famosa que foi repetida à exaustão, inclusive pela própria Ursula em “Cassino Royale”, mas não a versão recente, de Daniel Craig, mas a versão paródia, com Woody Allen e Orson Welles, entre outros. Andress também inaugura uma outra tradição, a das Bond Girls com nomes engraçados. Ela se chamava Honey Ryder (algo como ‘cavaleira docinho’), mas Connery ainda iria conhecer Sylvia Trench (Sylvia Trincheira), Kissy (Beijável), Plenty O’Toole (Cheia de Ferramentas), além da inesquecível Pussy Galore, quem nem dá para traduzir porque este é um site-família.


Mas, ainda que o primeiro filme tenha a maior parte das coisas que torna James Bond um ícone facilmente reconhecível, foi ao longo dos seguintes que a mítica foi se ampliando. Por exemplo, a organização criminosa SPECTRE (Special Executive for Counter-intelligence, Terrorism, Revenge and Extortion) é apenas mencionada no primeiro filme, com o Dr. No insinuando que fazia parte dela. Mas nos seguintes vamos compreendendo melhor como ela funciona e seus operativos. Já no segundo, “Moscow Contra 007”, aparecem os números 1, 3 e 5 da SPECTRE. E o Número 1 surge como apenas uma mão acariciando um gato branco (imagem que também foi imitada inúmeras vezes). Esse personagem, em “Com 007 Só Se Vive Duas Vezes”, é revelado como sendo Ernst Stavro Blofeld, o careca com cicatriz no olho que anos depois inspiraria o Dr. Evil de “Austin Powers”.



Há uma peculiaridade na "era Connery" que ainda não se repetiu com outro ator. Ele deixou o personagem e voltou a interpretá-lo. Duas vezes (ainda que uma seja não intencional). Em “007 A Serviço Secreto de Sua Magestade”, o espião interpretado por George Lazenby vai muito na esteira do que havia sido definido por Connery. Mas Lazenby era muito magrelo e tinha uma cara meio aparvalhada demais para o personagem, tornando-o mais próximo de “O Agente 86”, do que de 007. A presença de Lazenby, porém, acabou trazendo uma brincadeira interessante entre os fãs: James Bond seria um cargo, não um personagem, e cada ator vive, na verdade, um espião diferente que assume o manto. Isso é reforçado pela primeira fala de Lazenby, “isso nunca aconteceu com o outro cara.” 

Connery volta em “007 - Os Diamantes São Eternos”, e já na primeira cena ele está buscando vingança pelo que aconteceu no final de “007 A Serviço Secreto de Sua Magestade”, que é uma afirmação de continuidade. “Os Diamantes São Eternos” é, de longe, o melhor filme de Connery no papel, e, logo, o que envelheceu melhor. Com edição mais ágil e melhores cenas de ação, fruto de um orçamento mais inchado. Era para ser o canto do cisne de Connery, que encerraria sua participação como o espião britânico.



Seria, claro, se ele, em 83, em plena "era Moore", não resolvesse voltar ao papel para “007 - Nunca Mais Outra Vez”. O próprio nome já é uma piada com o fato de Connery ter dito que não voltaria ao papel, mas acabou voltando duas vezes. O filme é estranho, começando direto com uma cena de ação, sem a clássica caminhada da direita para esquerda e o tiro na tela e, o horror, sem os créditos de abertura. A trama está mais para os clássicos oitentistas, com "o melhor naquilo que faz" já meio aposentado tendo que voltar à ativa para a famosa "uma última missão", do que para um filme de Bond. O longa também não é considerado cânone, não entrando na contagem final dos 23 007 existentes."

Matéria de Luiz Gustavo Vilela, leia na íntegra em:
http://www.pop.com.br/mundopop/noticias/cinema/855578-Especial-007-Sean-Connery-e-a-construcao-do-mito.html

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