Entrevista com Paul Zaloom – o Beakman
A Anime Friends é um evento que sempre traz convidados especiais ao
Brasil. Atores e cantores internacionais já prestigiaram esta que é uma
das maiores convenções da Cultura Pop nacional.
Mas agora em 2012, o evento presenteou seus frequentadores com uma
das mais queridas figuras da televisão: aul Zaloom, ninguém menos que o
primeiro e único Beakman!
O programa “O Mundo de Beakman” foi exibido na tv Cultura durante os
idos da década de 1990 e cativou toda uma geração de espectadores com
suas explicações simples e divertidas sobre ciência em todos os seus
aspectos.
Passadas quase duas décadas, o cientista de cabelo espetado e seus
ajudantes migraram por diversos canais, sem nunca perder seus fãs e
sempre conquistando novos admiradores. Quem é que nuna fez as
experiências de pressão atmosféricas ensinadas no show, nem nunca gritou
“é o desafio do Beakman” em meio aos amigos?
Pois tive a chance de participar de uma coletiva de imprensa
realizada durante o evento com Paul Zaloom, que vestido como seu
personagem, respondeu a diversas perguntas e contou um bocado sobre seu
tempo no programa.
Vamos ver como foi!
Como surgiu o Beakman
O personagem nasceu como uma tira de quadrinhos da Universal Press
Syndicate, chamada “You Can, With Beakman and Jax”. A tira ensinava
sobre ciência, história e tecnologia para seus leitores.
O programa de tevê foi concebido pela emissora de tevê a cabo “The Learning Channel” e foi ao ar nos Estados Unidos em 1992.
Por incrível que possa parecer, Paul Zaloom não foi o primeiro a ser
convocado para o papel. Um outro artista estava na mente dos produtores
do programa, mas estes decidiram encontrar outro ator, após verem o
conteúdo extremamente adulto das apresentações ao vivo do dito artista.
Com o papel em mãos, Zaloom tratou de desenvolver o personagem.
Embora já existisse nos jornais, Beakman não possuía uma identidade
definida e coube ao ator lhe dar uma. Ele criou um sotaque nova iorquino
forte para o cientista (parecido com o do comediante Andrew Dice Clay) e
adicionou muito de seu próprio gênio ao mesmo, que de acordo com ele, é
um “Paul Zaloom exagerado”.
O Humor da Série
Na atualidade, os programas infantis fazem uso de um humor
extremamente rápido, com cortes muito secos e enredos que não precisam
de muita atenção para serem entendidos. Apesar de seu conteúdo
educacional, Zaloom acha que não haveria um problema para as crianças de
hoje acompanharem seu programa.
“O Mundo de Beakman” possuía um humor muito rápido, com tiradas e
jogos de palavras inteligentes e bem construídos. O astro do show
acredita que ele não apenas ensinava sobre ciências para seus
espectadores, como também lhes passava um pouco de como o “timing” da
comédia funciona.
Zaloom acha que programas como “Bob Esponja” também são importantes e
válidos e que existe espaço para um cientista pirado e uma esponja sem
noção nas televisões.
Os Personagens
Ao longo da série, Zaloom e (os demais membros do elenco) precisou
dar vida a inúmeros outros indivíduos que não eram o cientista de
cabelos espetados. Ele se divertiu um bocado fazendo todos eles, mas deu
a entender que gostava especialmente do cozinheiro “Artie”.
Artie era o estereótipo do cozinheiro de espelunca que vemos em
filmes e séries norte americanas. O personagem trabalhava em um ambiente
imundo, cercado de baratas e não tinha pudores em espirrar na comida,
ou mexer na mesma com as mãos imundas.
Zaloom lembra-se que era preciso passar vaselina no rosto na hora de
filmar as cenas com o personagem, para passar a impressão de oleosidade
na pele. Processo que não parecia ser dos mais agradáveis.
Mas Artie é uma das mais querida figuras do “Mundo de Beakman”, especialmente porque nos ensinou a fazer vidro falso.
Animais em cena
Zaloom tem muitas histórias divertidas para contar de sua época como
Beakman e as melhores dentre elas envolvem os animais que foram trazidos
em algumas das gravações.
Em um episódio, havia uma jiboia enorme, um pequeno problema para nosso herói, que possui uma fobia absurda de cobras.
Pois bem, Zaloom conseguiu controlar-se durante a gravação e falou
objetivamente da cobra que encontrava-se enrolada no Lester. Em um
determinado momento da gravação, a jiboia demonstrou um enorme interesse
no apresentador e avançou contra ele com uma mordida. Ainda
caracterizado, ele saiu correndo e gritando pelo cenário.
Em outra ocasião, havia UM LEÃO no estúdio.
Pois é.
O leão encontrava-se atrás de Beakman, que tentava concentrar-se na
gravação o melhor que podia. Enquanto isso, o treinador do animal estava
atrás do câmera, movendo um bastão de madeira, que o imenso felino
acompanhava com enorme interesse.
Em outras palavras, Beakman estava entre um leão e sua comida. O que um cientista não faz pela nossa diversão!
Numa outra ocasião, havia um jacaré no estúdio, que permaneceu imóvel
feito uma estátua empalhada o tempo inteiro. Assim que as gravações
iniciaram, ele avançou contra o Beakman… que mais uma vez saiu correndo e
gritando pelo cenário.
Mas nem todos os animais tentaram matar nosso cientista maluco
favorito. Ele se divertiu muito quando levaram um elefante no programa,
pois era uma criatura muito bem treinada e disciplinada. Sempre que
levavam o elefante até uma grade de esgoto, ele sabia que era hora de ir
ao banheiro, algo que impressionou muito Zaloom.
Lester, o Rato
Mark Ritts, o ator que interpretava “Lester, o rato”, foi um achado
do programa. Lester era o ajuante incompetente do cientista, grosseiro e
glutão, que pouco ajudava e que acabava sendo o alvo de muitas piadas
no programa.
Lester foi originalmente concebido como um fantoche, que seria
manipulado por Ritts. No entanto, os responsáveis pelo programa mudaram
de ideia no último minuto e acreditaram que o personagem seria mais
engraçado se na verdade fosse um cara vestido de rato. De fato, os
demais personagens na série reconhecerem que Lester era um ator num
fantasia, tornou-se uma piada recorrente na série.
Zaloom explicou que Ritts era um ator excepcional, capaz de fazer
qualquer sotaque e interpretar qualquer tipo de personagem.De fato, a
qualidade de seu trabalho era tão alta, que motivava os demais membros
do elenco a se esforçarem mais para atingir se nível.
Infelizmente, Mark Ritts teve câncer e faleceu em dezembro de 2009.
Paul foi um dos cuidadores de seu grande amigo em seus últimos meses de
vida e guardou duas frases que este disse durante este difícil período:
“câncer é uma droga” e “a vida é muito boa”.
As ajudantes
Beakman sempre teve ajudantes que serviam como um elo para com o
público. Eram as meninas que normalmente faziam as perguntas enviadas
pelos espectadores do programa e ajudavam a complementar as explicações
do cientista. Elas também faziam novas perguntas ao longo das
explicações, para elucidar novas dúvidas que as crianças poderiam ter
enquanto assistiam ao programa.
A primeira ajudante foi a Josie (no Brasil, Rosie), interpretada por
Alanna Ubach. A atriz tinha apenas 16 anos na época das filmagens, o que
de acordo com as leis trabalhistas norte americanas, só lhe permitia
trabalhar seis horas por dia. Paul foi só elogios para a menina e a
descreveu como um fantástico acréscimo ao programa.
As ajudantes seguintes, Liza (Eliza Schneider) e Phoebe (Senta Moses)
também foram ótimas em seu trabalho cada uma delas trouxe qualidades
diferentes ao programa. Zaloom explicou que elas deixavam o “Mundo de
Beakman” para darem prosseguimento a suas carreiras artísticas e embora
tenha gostado de trabalhar com todas, é claro que ele criou um xodó por
sua primeira assistente.
Alanna Ubach ainda trabalha como atriz e faz papéis coadjuvantes em
séries de tevê e empresta sua voz a desenhos animados como “Rango”.
Eliza Schneider” é a principal dubladora feminina da série “South Park” e
Moses também desfruta de pequenos papéis em séries de televisão.
Beakman voltaria a televisão?
Quando perguntado se voltaria a interpretar o Beakman caso tivesse a
chance, Zaloom respondeu sem pestanejar que “sim”, mas também explicou
que isso jamais aconteceria.
Infelizmente, “O Mundo de Beakman” não deu lucro para sua emissora e
só chegou a ser criado por conta de uma lei norte americana que exigia
que todos os canais tivessem uma porcentagem de programação infantil. O
programa, ao contrário do que muitos pensam, não fez muito sucesso nos
Estados Unidos.
Hoje, os programas infantis são criados com a meta de gerar o máximo
de lucro possível em merchandising para seus criadores. Um programa como
“Bob Esponja” pode adornar centenas de produtos e vendê-los, um tipo de
poder que Beakman simplesmente não tem hoje em dia.
E além do Beakman?
Embora ainda se apresente como o famoso cientista, Paul Zaloom também
possui um show para adultos, chamado “The Adventures of White-Man”, que
como ele mesmo descreve é um espetáculo que mostra “como os brancos são
maravilhosos”.
Claro que é uma piada! A apresentação é na verdade uma crítica muito
inteligente a política, economia e história norte americana.
Zaloom disse que adoraria fazer esta apresentação no Brasil. E aí, vocês iriam assistir?
Bem, não importa como se apresente, Paul Zaloom, ou melhor… Beakman, é
um dos persongens mais queridos a aparecer na televisão. E é um prazer
ver que mesmo após todos estes anos, ele continua inteligente e
divertido como sempre foi. Um artista nato, que merece não uma, mas
infinitas salvas de palmas.
E por hoje eu fico por aqui! BADA-BING! BADA-BANG! BADA-BEAKMAN!
Por Amer H.
Origem: http://blogs.pop.com.br/nerd-e-geek/entrevista-com-paul-zaloom-o-beakman/
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